Síntese de Conjuntura Maio de 2004
No primeiro trimestre de 2004, quer o VAB da construção, quer o investimento nesse tipo de activos observaram uma variação trimestral positiva, de 2,2% e 1,4%, respectivamente. Este é um comportamento que difere do padrão que há muito se vinha a registar, constituindo uma notícia cuja confirmação nos trimestres futuros seria da maior importância para as empresas do sector. No caso do VAB, desde o segundo trimestre de 2002 que, a preços constantes, não se verificava uma subida do seu valor, enquanto no caso do investimento, esta medida da procura de construção vinha a decrescer desde o quarto trimestre de 2001.
Este sinal reveste-se da maior importância, por inverter uma tendência negativa e por vir confirmar o decréscimo do pessimismo que os empresários do sector vinham a declarar já desde 2003. Porém, importa salientar o facto de, em termos homólogos, o VAB apresentar uma variação de -3,3% e o investimento de -2,8%. Estas variações são, no entanto, menores do que as registadas, no 4º trimestre de 2003, no qual a variação do VAB tinha sido de -8,4% e do investimento de -12,2%.
Esta evolução está intimamente relacionada com o desempenho do segmento de obras públicas, no qual, segundo as opiniões expressas pelos empresários, se tem vindo a verificar um comportamento menos negativo quer no que concerne à carteira de encomendas (cujo indicador se situou em 7,5 meses), quer à taxa de utilização da capacidade produtiva (que foi de 72,1%). No mês de Maio, as empresas de maior dimensão expressaram haver um menor nível da concorrência (cujo indicador, em termos homólogos, diminuiu em 19,2 pontos percentuais), assim como uma menor pressão sobre os preços a praticar nos próximos três meses (cujo indicador se situou em -13,7%). A abertura de um maior número de concursos explica a evolução dos indicadores de concorrência e de expectativas de preços, significando que a evolução futura do VAB poderá beneficiar quer do aumento do volume de trabalho, quer do menor esmagamento das margens praticadas pelas empresas.
No caso do segmento de construção de edifícios a publicação da Lei das Sociedades de Reabilitação Urbana (SRU’s) constitui um primeiro passo para o relançamento do mercado de reabilitação, mas as dúvidas ainda pendentes quanto à data de publicação da reforma do arrendamento urbano fazem pender sobre o mercado um espectro de incertezas, que penaliza as empresas do sector. Em Abril a taxa de variação homóloga acumulada do número de licenças emitidas pelas câmaras municipais foi de -5,1%, no caso das construções novas, e de -1,9%, no das construções existentes. Somente no que respeita às obras em edifícios não residenciais existentes essa taxa assume valores positivos, de 7,7%. Este é um mercado que, apesar de ter um peso relativamente diminuto no número total de licenças emitidas (9,9%), já desde 2002 tem sido alvo de um permanente aumento de actividade.