Nota de Conjuntura de Maio
Ideias-chave:
i) Portugal caso único da UE com queda do investimento em construção em 2006,
ii) Indicador Global de Conjuntura mantém trajectória de agravamento,
iii) Segmentos habitacional e de obras públicas com pressão sobre os preços.
As Previsões da Primavera, realizadas pela Comissão Europeia vieram evidenciar o fraco crescimento económico que Portugal observará no corrente ano (de apenas 0,9%), colocando o país em último lugar no que concerne ao ritmo de crescimento do PIB. Mas se as perspectivas não são animadoras para a economia nacional, são de grande preocupação no que diz respeito ao sector da construção. Segundo aquela entidade, antecipa-se que em 2006 o investimento em construção tenha um decréscimo de 3,1%. Trata-se de uma forte revisão em baixa das anteriores previsões, que apontavam para um decréscimo de 0,5%. Segundo os dados mais recentes, somente em Portugal haverá uma redução do investimento em construção, ao contrário de todos os restantes estados-membros da UE, onde o investimento em construção aumentará, nomeadamente na Zona Euro, com estimativas de crescimento na ordem dos 3,4%.
Efectivamente, o Indicador Global de Conjuntura da AICCOPN revela que o sentimento dos empresários do sector da construção tem vindo a deteriorar-se significativamente, registando, em Maio, uma queda homóloga de 7,3 pontos percentuais, sendo essa a maior descida de uma série de nove meses consecutivos de variações homólogas negativas. Assim, aquele indicador situa-se actualmente nos -23,7% (medido em saldo de respostas extremas). Este sentimento, apesar de ser comum a todos os segmentos do sector da construção, é mais vincado entre os empresários com actividade nas obras públicas, segmento no qual o indicador registou uma queda homóloga de 11,6 pontos percentuais, situando-se actualmente nos -26,6% (s.r.e.). No mesmo sentido, o indicador de conjuntura do segmento habitacional apresentou uma redução de 4,7 p.p. e o segmento não residencial uma diminuição de 3,8%, em termos homólogos.
No segmento habitacional verificou-se uma deterioração em praticamente todos os indicadores, com maior destaque para os relativos ao nível de actividade das empresas, à carteira de encomendas, que inverteu a tendência de ligeira melhoria, e quanto às expectativas de produção a 3 meses.
Apesar quer da continua diminuição do número de fogos em habitações novas postos no mercado quer do número de licenças emitidas para o mesmo fim, observa-se no mercado habitacional uma diminuição real dos valores da habitação, tal como publicados pelo INE. Tal vem confirmar a enorme dificuldade no escoamento das habitações e revelar o nível da crise que se vive actualmente no sector. Uma vez mais este comportamento do mercado diverge da realidade europeia, sendo que, em 2005, na Zona Euro, segundo o Banco Central Europeu, verificou-se um crescimento real de 5,5% dos preços da habitação
No segmento das obras públicas, a deterioração do sentimento dos empresários foi sustentada pela evolução da carteira de encomendas, que diminuiu 25 p.p. face ao período homólogo, e pelo aumento da concorrência, sentido com especial destaque pelas grandes empresas. Esta situação aumenta a pressão sobre as perspectivas quanto aos preços a praticar nos próximos 3 meses, que se deterioraram em 7,8 p.p. face ao registado há um ano atrás. De salientar que esta perspectiva de diminuição de preços a aplicar ocorre numa altura em que a inflação se encontra ao mais alto nível dos últimos 3 anos, cenário que é agravado pelo aumento dos custos financeiros decorrentes da subida das taxas de juros e pelos recorrentes atrasos nos recebimentos das obras públicas, matéria na qual estudos recentes colocam o Estado Português como um dos piores pagadores na Europa.
Definitivamente, o ano de 2006 ainda não será o ano da tão esperada recuperação económica no sector da construção, no entanto, e segundo as Previsões de Primavera da Comissão Europeia, em 2007 o investimento em construção em Portugal deverá registar um crescimento nulo, que se espera que se transforme finalmente em positivo em 2008.
Atualizado em 17/11/2021
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