FEPICOP – Conjuntura de Novembro
Influenciada pela ligeira recuperação da economia portuguesa, o sector da Construção apresenta alguns sinais de inversão da tendência de evolução da actividade, podendo dizer-se que há já indícios de recuperação, embora em termos globais o ano de 2007 deva ainda saldar-se por uma nova quebra da actividade do Sector.
No entanto, os diferentes segmentos de actividade estão a indiciar tendências bem distintas, sendo cada vez mais nítida a influência positiva da evolução da actividade dos edifícios não residenciais e da engenharia civil; pelo contrário, o segmento dos edifícios residenciais mantém uma trajectória negativa que o levará a novo desempenho bastante desfavorável no conjunto do ano de 2007.
Os indicadores de análise da conjuntura construídos pela FEPICOP confirmam esta alteração de tendência, assim como os indicadores quantitativos tradicionalmente utilizados, também acompanham esses sinais: o licenciamento para a construção de fogos continua a série de quebras sucessivas, registando nos primeiros oito meses do ano uma variação homóloga de -9%; o consumo de cimento, embora ainda com variação negativa de 0,8% nos primeiros dez meses, indicia uma recuperação ao longo do ano muito apoiada nas excepcionais condições atmosféricas que se têm mantido nestes meses; também os concursos públicos apresentam uma variação muito positiva em termos de adjudicações, muito embora a abertura de novos concursos se mantenha a um ritmo negativo nos primeiros dez meses do ano.
Em resultado desta evolução, os níveis de confiança dos empresários indiciam melhorias relativamente ao ano de 2006 e o próprio desemprego no Sector reduz-se a ritmo mais acentuado do que o da restante economia.
Assim, no conjunto do ano, o Sector deverá apresentar, ainda, uma taxa de crescimento negativa (pelo sexto ano consecutivo) ficando deste modo adiada para 2008 a possibilidade de uma efectiva recuperação da actividade da Construção.
Níveis de confiança mais favoráveis do que em 2006
A tendência crescente que vem sendo observada pelo número de empresas registadas no InCI, traduziu-se, em Novembro, num aumento de 4,7%, face ao resultado apurado em Janeiro de 2007. Contudo e no que respeita ao volume de empresas detentoras de alvará, a evolução, também favorável, ainda não foi suficiente para colmatar a quebra verificada no início de 2007, com o diferencial face a Janeiro a situar-se nos -11,5%. Por outro lado e no que concerne aos títulos de registo emitidos, a tendência é mais acentuada e traduz-se já num acréscimo de 22,6%, face ao primeiro mês de 2007.
Comportamento ligeiramente menos favorável foi observado pelo número de empresas activas filiadas nas associações que integram a FEPICOP, com o respectivo índice a apontar, em Outubro, para um resultado idêntico ao apurado em Janeiro, interrompendo assim a trajectória de crescimento observada nos meses anteriores.
No mesmo sentido, a confiança dos empresários atingiu em Outubro um valor inferior ao registado no início do corrente ano, após um período (Maio a Setembro) em que o índice de confiança FEPICOP se situou a um nível mais satisfatório. Contudo e relativamente ao ano anterior o nível de confiança foi bem mais favorável, com a variação homóloga do respectivo índice a apontar em Outubro para os +3,7%.
No que concerne às opiniões dos empresários sobre o andamento da actividade nas suas empresas, a situação é agora menos desfavorável, com o respectivo índice a passar de um valor de 89,1 em Janeiro, para 94,4 em Outubro. A acompanhar esta evolução, a situação financeira das empresas foi também menos desfavorável, com o índice FEPICOP que lhe está associado a registar uma variação de +2%, face a Outubro do ano anterior.
Não obstante, a concorrência no mercado das obras públicas manteve-se muito forte, com os preços de adjudicação a situarem-se, em média até Outubro, 11,2% abaixo das respectivas bases de licitação e com o desvio entre o valor médio das propostas apresentadas e os valores base dos respectivos concursos a atingir, no mesmo período, o desvio acumulado de -8,9%.
Desemprego na construção atinge valor mais baixo dos últimos cinco anos
O desemprego na Construção atingiu no terceiro trimestre do corrente ano, o valor mais baixo desde o último trimestre de 2002. De facto e segundo os dados do IEFP, o desemprego na construção tem vindo a diminuir durante o corrente ano, com o número médio de desempregados do Sector, inscritos nos centros de emprego, a situar-se no terceiro trimestre nos 31.567, o que traduz um decréscimo homólogo trimestral de 19,1%.
Esta tendência decrescente do desemprego na Construção tem sido mais intensa do que a observada pelo desemprego total da economia, com o desemprego na construção a representar 9,9% do desemprego total no primeiro trimestre de 2007, contra 9,1%, no terceiro trimestre, sendo que em Setembro o valor apurado foi de 9%.
A reforçar esta evolução, também os dados acumulados até Setembro revelam uma quebra homóloga mais acentuada para o desemprego na Construção (-15,3%), do que no desemprego Total (-11,5%).
Produção do sector da Construção com alguns sinais positivos
No início do último trimestre do ano, parece acentuar-se a tendência de recuperação do sector da Construção, com o indicador de produção global da FEPICOP a crescer 7,3% no trimestre terminado em Outubro.
De entre os diversos segmentos de actividade do Sector, o que mantém o desempenho mais desfavorável é o da produção de edifícios residenciais, o qual registou, segundo o indicador FEPICOP, uma quebra de 4,1% ao longo dos três meses terminados em Outubro. Em termos acumulados desde o início do ano, a construção deste tipo de edifícios já deverá ter sofrido uma redução de cerca de 6% em termos reais, face ao período homólogo de 2006. A condicionar negativamente a evolução deste segmento, mantém–se a evolução muito desfavorável do licenciamento, com o número de fogos licenciados a cair mais de 12% nos primeiros 6 meses do ano.
Com uma evolução contrária, o licenciamento de edifícios não residenciais privados continua a registar um crescimento significativo, o que tem permitido um acréscimo sensível no nível de produção deste segmento, na ordem dos 23% no trimestre terminado em Outubro e superior a 26% em termos acumulados para os dez primeiros meses do ano. Neste campo é de destacar o forte crescimento do licenciamento de áreas comerciais, que representando a maior fatia do licenciamento de edifícios não residenciais (30,4% do total), cresceu 20,5% até Agosto de 2007 e face ao mesmo período de 2006. Também assinaláveis foram os crescimentos das áreas destinadas à indústria (+17,1%, representando 23,4% do total) e ao turismo (+19,5%, correspondendo a 7,1% da área total licenciada). A única parcela do licenciamento não residencial que decresceu durante esse período, foi a destinada à agricultura (-11,1%), a qual representa apenas 5,3% do total.
No que concerne à componente pública da construção de edifícios não residenciais, a evolução da produção tem sido bem menos favorável, fruto das acentuadas quebras registadas nas adjudicações deste tipo de edifícios durante o ano passado (cerca de -55%, face ao ano precedente, principalmente na componente da construção de edifícios hospitalares). Como consequência, a redução acumulada da produção, até Outubro de 2007, deverá ter rondado os 10%, segundo o indicador FEPICOP, embora esta quebra se tenha vindo a atenuar ao longo dos meses. Na verdade, a evolução positiva que as adjudicações deste tipo de obra têm registado ao longo do ano corrente (cerca de +20% durante os primeiros 10 meses do ano), tem contribuído para inverter a tendência da produção, tendo-se verificado uma variação de apenas -0,3% no trimestre terminado em Outubro.
Em termos de produção conjunta dos edifícios não residenciais, o resultado tem sido positivo, com um crescimento acumulado de cerca de 14%, até Outubro. Nos meses mais recentes, o dinamismo é ainda mais evidente, o que se traduziu numa taxa de crescimento de 16% no trimestre terminado em Outubro.
Em termos de produção de trabalhos de engenharia civil, a trajectória tem sido ascendente ao longo de 2007. Assim, após decréscimos sensíveis observados ao longo do primeiro semestre, a variação homóloga trimestral apurada para o trimestre terminado em Outubro, do índice FEPICOP que lhe está associado, foi já superior a 10%, um valor que não era alcançado desde meados de 2005.
Em termos de produção global do Sector, a tendência de recuperação torna-se cada vez mais clara, com a variação homóloga trimestral do Índice FEPICOP a ser já francamente positiva no trimestre terminado em Outubro. Ainda assim, nos primeiros dez meses do ano, a produção global do Sector deverá ter sofrido uma quebra de quase 1% que, segundo o indicador FEPICOP, poderá ser atenuada nos meses finais de 2007, permitindo que, em termos anuais, se possa assistir a uma estagnação da produção, face ao volume de produção do ano anterior.
COMPARAÇÃO INTERNACIONAL
A apreciação dos empresários portugueses relativamente ao nível de actividade no sector da Construção manteve-se semelhante à do mês precedente, confirmando a recuperação deste indicador face aos mesmos meses do ano anterior. Pelo contrário, em termos médios para a zona Euro, as opiniões relativas à actividade do sector da Construção revelam-se, este ano, menos favoráveis, indiciando que a actividade das empresas europeias tem vindo a decair ao longo dos meses mais recentes.
Em termos de perspectivas de evolução, os empresários portugueses mantêm-se muito menos optimistas que a média dos responsáveis europeus da Construção, cuja evolução tem sido desfavorável ao longo de 2007.
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