Nota de Conjuntura de Agosto
A publicação das contas nacionais trimestrais permite confirmar a ideia de que 2005 dificilmente trará uma subida da actividade do sector da construção. O VAB desse sector, após quedas homólogas de 3,3% no 1º trimestre e de 4,4% no segundo trimestre, deverá ter uma contracção anual que deve situar-se entre 1% e 2,5%.
Para que o VAB da construção observasse uma subida, no 3º e 4º trimestres de 2005 as subidas trimestrais teriam de exceder os 3%, o que não é um cenário provável. De facto, no 1º trimestre do ano o índice de novas encomendas difundido pelo INE registou uma variação homóloga de -0,5%, nomeadamente por força do comportamento do segmento de engenharia civil, cuja variação homóloga foi de -15,7%. Em paralelo, até Maio de 2005 o consumo de cimento tinha observado uma variação homóloga acumulada de -3,8%, corroborando o sinal negativo dos índices de produção do INE. No mesmo sentido, os dados do licenciamento municipal de obras, que em Junho era alvo de uma queda homóloga acumulada de 4,6%, sinalizam a continuidade da falta de atractividade do investimento imobiliário, tudo isso confirmando a improbabilidade de se observarem aquelas taxas de crescimento trimestral do VAB no 3º e 4º trimestres deste ano.
Assim, assistir-se-á ao 4º ano consecutivo de redução da actividade da construção. No cômputo do período de 2001 para 2005, atingir-se-á uma queda acumulada em torno dos 18%. Assim, a construção continua a ser a maior vítima da recessão económica nacional, tendo ao fim do 2º trimestre de 2005 uma descida média anual de 4,4%.
Para os empresários, este é um período de persistência do pessimismo instalado no sector. Em Agosto as respostas ao inquérito mensal de conjuntura da AICCOPN apontam para um acentuar das respostas negativas, tendo o Indicador Global de Conjuntura se situado em -19,6%, o que se traduz numa quebra de 2,2 pontos percentuais face ao começo do ano, sendo o terceiro mês seguido que este indicador observa uma variação negativa.
O segmento mais imune à pressão depressiva tem sido o das obras públicas, cujos empresários são agora os menos pessimistas, em confronto com os que actuam no segmento habitacional que, mercê da ausência de mexidas relevantes na proposta de reforma da lei do arrendamento urbano, não vêm motivos para inverter expectativas. Associando esse tema ao da reabilitação urbana, constata-se que o ritmo de novas licenças para obras em edifícios existentes tem vindo a cair, tendo em Junho último atingido uma variação homóloga acumulada de -8,1%. É precisamente no segmento habitacional que essa redução é mais rigorosa, atingindo os -10,6% depois de já ter tido uma diminuição de 7,7% em 2004.
Para os empresários, a conjugação de todos estes factores leva a uma revisão em baixa das suas perspectivas para os próximos meses, quer ao nível da produção, quer do investimento, quer do emprego. O facto a salientar é que isso sucede pelo terceiro mês consecutivo e em todos os segmentos de actividade, desde habitacional e não habitacional, até às obras públicas.
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