Nota de Conjuntura de Fevereiro
Ideias-chave:
i) Dados do INE confirmam as previsões da AICCOPN, quanto à queda da procura do sector da construção,
ii) Com uma descida de 4,7% do investimento em construção, a queda acumulada desde 2002, inclusive, atingiu os 20,6%,
iii) Em 2006, dada a evolução dos principais indicadores, teme-se que ocorra uma nova queda, mais grave do que a antecipada pelas actuais previsões oficiais.
Em linha com o que a AICCOPN tinha antecipado há vários meses, as Contas Nacionais Trimestrais difundidas pelo INE vieram confirmar que 2005 foi um ano não só de queda da actividade e da procura sentida pelo sector da construção mas de agravamento desse comportamento, face ao que havia sucedido em 2004.
A AICCOPN tinha previsto uma redução da procura (medida pela FBCF) de 4,5%. Essa previsão ficou 0,2 pontos percentuais abaixo dos dados agora tornados públicos pelo INE, segundo o qual tal redução foi de 4,7%.
Este dado implica uma reflexão sobre o actual estado do tecido empresarial do sector da construção civil e obras públicas, quando se confirma uma descida acumulada de 20,6% do VAB desse sector desde o começo da actual crise, em 2002. Não se pode ficar indiferente perante um sector de actividade que definha a um ritmo tão elevado, pondo em causa de forma tão dramática a solvabilidade desse tecido empresarial e a empregabilidade dos trabalhadores que emprega.
Depois, esse resultado implica uma análise quanto à evolução que esse sector terá nos próximos anos, a começar pelo corrente. As primeiras previsões oficiais indicavam que em 2005 poderia haver uma ligeira redução de 1%. As previsões seguintes, realizadas já perto do final do ano vieram agravar esse cenário, aumentando a amplitude recessiva para -3,6%. Finalmente, como se viu, a realidade veio mostrar que o sentido depressivo era muito mais forte. Neste cenário, o que pensar das últimas previsões que indicam que em 2006 a procura terá uma variação de somente -0,5%?
Os cortes orçamentados no PIDDAC para 2006 e a não execução de avultadas verbas oriundas do QCA III são um indicador preocupante quanto à performance do sector de obras públicas. Aliás isso mesmo já é antecipado pelos empresários desse segmento, cujo pessimismo tem aumentado nos primeiros dois meses do ano, tendo-se em Fevereiro registado uma queda homóloga de 6,7 pontos no indicador de conjuntura associado a esse mercado (nos termos do Inquérito Mensal de Conjuntura da AICCOPN). A carteira de encomendas é o item com uma variação homóloga mais acentuada, levando a que o indicador de perspectivas de criação de postos de trabalho tenha caído 10,4 pontos, face a Fevereiro de 2004. O único ponto positivo é a descompressão que resulta do facto de se ter ultrapassado o ciclo eleitoral dos últimos meses, havendo muitas decisões de investimento cujo desbloqueio levou ao desagravamento das perspectivas de produção nos próximos meses, depois de se terem atingido índices de perspectivas muito baixos. De todo o modo, esta melhora não é suficiente para levar esse indicador para terreno positivo, aliás como não poderia deixar de ser perante a citada evolução do indicador relativo à carteira de encomendas.
Em paralelo, a persistente queda do licenciamento revela haver um contínuo afastamento dos investidores do mercado de obras particulares. Em 2005 o número total de licenças emitidas teve uma queda de 5,4%, havendo nova redução homóloga de 5,3% nos últimos dados do licenciamento, relativos a Janeiro de 2006. Depois de em Dezembro de 2005 o indicador relativo à carteira de encomendas no mercado habitacional ter atingido o mínimo dos últimos 21 meses, houve uma pequena recuperação, reduzindo-se o pessimismo instalado. Porém, o movimento descendente do lançamento de novas obras limita a extensão dessa recuperação.
O quadro actual de indicadores não lança grandes perspectivas para o ano corrente. Depois das sucessivas revisões em baixa da evolução da actividade da construção, o mais certo é que essa continue a ser a tónica das próximas previsões. O ano 2006 será, pelo actual andamento dos principais indicadores, um período de agravamento da situação económica do sector da construção.
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Atualizado em 17/11/2021
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