Síntese de Conjuntura do Sector da Construção – Agosto 2004
Perante as actuais dúvidas que pendem sobre a evolução do investimento público, ao nível do Estado e das Autarquias Locais, assim como do desenlace de uma matéria estruturante como a nova lei do arrendamento, o sector não descola dos patamares de depressão em que se encontra desde 2002. Como um atleta na linha de partida, as empresas aguardam um sinal para poderem tirar partido de toda a sua capacidade, perspectivando melhorias na produção futura e uma maior propensão para investir em equipamento (no caso da habitação os respectivos indicadores a três meses aumentaram em 3,1 e 4,1 pontos percentuais), mas denunciando uma redução da carteira de encomendas e do nível de actividade (cujos indicadores se deterioraram em 0,9 e 2,0 pontos percentuais, respectivamente).
Num outro domínio, relativo ao mercado de obras privadas, não pode deixar de se destacar a revisão da já referida lei do arrendamento. Sabendo-se a relevância dessa reforma para viabilizar o investimento na reabilitação do parque edificado, deve reflectir-se sobre o significado da abrupta inversão de licenciamento de obras em edifícios existentes. Se em Junho de 2003 o número de licenças para obras em edifícios habitacionais tinha uma variação homóloga acumulada de 9,9%, passados 12 meses essa taxa foi de -12,4%. Se naquele mês a taxa de variação homóloga acumulada do número de licenças para obras em edifícios não habitacionais era de 15,3%, passados 12 meses essa taxa foi de -5,0%. As expectativas dos investidores têm sido moldadas por notícias que indiciam que parte dos custos da política social de habitação permanecerão sobre os ombros dos senhorios, ao invés de serem assumidos pelo Estado. Adicionalmente, 3 a 5 anos antes da actualização das rendas devem ser realizas obras por parte dos descapitalizados senhorios, sendo certo que, para que o esperado programa de incentivos à reabilitação urbana (o Reabilita) assegure a atractividade desse esforço financeiro, terá que quebrar com o passado dos programas que o antecederam. Neste quadro, podem ter-se por legítimas as baixas expectativas dos investidores, justificando-se a inversão do seu comportamento ao nível do licenciamento de obras de reabilitação.
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