TGV EM DEBATE NA TSF
Das diversas intervenções, destaca-se a posição do presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, que participou no debate em directo, durante o qual questionou o interesse e viabilidade da ligação Porto-Vigo que será a primeira ligação a Espanha a ser construída. Luís Filipe Menezes mostrou ainda “reservas quanto a um investimento desta dimensão, quando outras prioridades, como a educação, saúde ou as redes básicas de saneamento não estão ainda asseguradas” e para as quais o Estado não tem tido capacidade de assegurar os necessários investimentos. O presidente da Câmara de Gaia duvida ainda da viabilidade económica das ligações a Espanha agora apresentadas, por entender que ” apenas a ligação a Madrid terá sentido, por a mesma poder ser uma alternativa parcial ao transporte por avião“. Já quanto a uma ligação à Europa, tal não se justifica nem teria futuro dado o transporte aéreo ser imbatível em termos de tempo de deslocação e preço.
João Cravinho, deputado socialista e antigo ministro das obras públicas, responsável pelos primeiros estudos relativos ao comboio de alta velocidade, afirmou “não compreender como o Governo diz não ter dinheiro para a construção do aeroporto da Ota e agora vir anunciar quatro ligações a Espanha por TGV, o que corresponde á solução máxima que chegou a ser equacionada.” O ex-governante, adiantou ainda que “se é comportável para as finanças públicas tal esforço financeiro, falta contudo explicar como tal será feito. Falta apresentar os estudos em que o Governo certamente se baseou para assumir estes compromissos“. Relativamente aos traçados aprovados, João Cravinho referiu “ter as suas ideias, mas falta conhecer os estudos que o Governo diz ter“. No entanto, foi adiantando não compreender a opção de deixar a ligação Lisboa-Porto para terceiro plano, com conclusão apenas em 2013, pois a mesma “seria a prioridade das prioridades“.
Um outro interveniente no debate da TSF, Vítor Baptista, dirigente do Partido Socialista de Coimbra, foi à antena questionar o facto de nenhum dos traçados divulgados preverem a paragem em Coimbra, “uma cidade que só por si tem mais de 50 mil estudantes universitários oriundos de todo o país“. Tal facto, a concretizar-se, seria “uma afronta do Governo central a toda uma região e a um Distrito que tem forte significado nacional em termos industriais e económico“.
Por último, os ouvintes que participaram no “Fórum” dividiram-se equitativamente quer em termos de apoio quer de levantamento de dúvidas quanto à viabilidade e justificação do projecto do TGV em Portugal.